domingo, 20 de julho de 2014

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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Resumo: O Trabalho em Equipe Pedagógica: Resistências e Mecanismos Philippe Perrenoud (elaborado por Profª Ms. Mírian F. Rodrigues)

CAP. 5 O Trabalho em Equipe Pedagógica: Resistências e Mecanismos
Philippe Perrenoud

- Que é uma equipe pedagógica? A partir do momento em que alguns professores associam-se para compartilhar tarefas ou recursos? Ou esse status dever ser reservado a um grupo de profissionais que coordenam suas práticas, colaboram de forma intensa na ação pedagógica cotidiana?
-Primeiro define: pseudo-equipe, equipe lato sensu, equipe stricto sensu.
-Equipe: Grupo de pessoas que agem juntas ou grupo de pessoas que colaboram em um mesmo trabalho.
-Nas equipes esportivas, orquestras amadoras, grupos de turistas e os clubes em geral são constituídos sobre uma base voluntária, no trabalho assalariado dois extremos: em um extremo equipes constituídas por um poder hierárquico; no outro extremo equipes constituídas por escolha, não são obrigados a trabalhar juntos.
-Muitas vezes as escolhas são semi-obrigatórias, são levadas em conta as exigências do trabalho, as competências, os horários, os desejos cada um, algumas pressões ou incitações da autoridade.
E na Escola ? Os estabelecimentos de ensino não são fábricas. Uma equipe pedagógica sempre é formada por professores que adotaram voluntariamente esse modo de trabalho e que escolheram reciprocamente? Não, porque, em certos sistemas educativos, a administração escolar considera equipe qualquer relação entre as pessoas, o corpo docente ou grupo de professores que lecionam na mesma classe. (artefatos administrativos que mais desestimulam do que estimulam a colaboração.
- Absurdo uma administração instituir um trabalho em equipe sem direcionar atitudes e comportamentos. Não é a decisão inicial que cria problema mas o irrealismo ( esperar impor por decreto uma cooperação, um diálogo.

Três situações-tipo, segundo a natureza das pressões
- A equipe imposta: supõe-se que os professores trabalhem juntos, mas a equipe só existe no papel, neste caso as resistências não se manifestam;
- A equipe autorizada/estimulada: Os professores não são obrigados a trabalhar juntos, são convidados e estimulados; considera uma forma moderna e desejável de colaboração profissional;
-A equipe proibida/desestimulada: Não se espera que os professores trabalhem em equipe, se estiverem interessados irão deparar com milhares de complicações administrativas na etapa de atribuição de cargos, de horários, da carga d ensino, de lugares de reunião e serão desestimuladas abertamente pela direção ou pelo restante do corpo docente.
Essas situações produzirão dinâmicas diferentes: a primeira e a última induzem a uma luta contra o sistema e embaralham as cartas.
No primeiro caso não se resiste inicialmente – ou apenas - ao trabalho em equipe, mas a um modo autoritário de gestão das relações entre professores. No terceiro caso, as resistências pessoais podem ser provisoriamente colocadas entre parênteses, trata-se de convencer a administração a reconhecer a equipe para facilitar sua tarefa.
Há pontos comuns nas três situações-tipo; a análise foi concentrada na segunda, a da equipe autorizada/estimulada sem ser impostar nem por regras gerais nem por decisão do diretor da escola. Cooperação voluntária – diversas ambigüidades.
-Faz uma comparação com uma agência de viagem onde temos “grupos” – conjunto de pessoas que se encontram pela primeira vez na vida no avião e que tem apenas um interesse material para fingir que viajam juntas. Algumas “equipes pedagógicas” são constituídas pelos mesmos motivos: compartilhar um crédito, um espaço, um professor de apoio ou um especialista, não passam de arranjo não tem nenhuma substância, fala-se de pseudo-equipe.
-Equipes pedagógicas que vão além dessa associação interesseira, trocam idéias, práticas, não impõem nada a seus membros, mas apresenta um isolamento total. Não agem juntas, falaria de equipe lato sensu. Se limitam a intercambiar pontos de vista
O grupo não passa de um ecossistema, um ambiente estimulante, que proporciona idéias, coragem, vontades, pistas concretas e ajuda, mas permanecem sozinhos diante de suas responsabilidades e tarefas concretas.
-Equipes Stricto-Sensu: Para além dos arranjos materiais ou das práticas de intercâmbio, são formadas de pessoas que agem juntas, colaboram com um mesmo trabalho, constituem um sistema de ação coletiva. Coordenam suas práticas/assumem responsabilidade por um grupo de alunos
Qual o papel da ação pedagógica assumida em equipe
- as equipes pedagógicas que coordenam as práticas, conservando seus alunos;
Os alunos tem a ver com um ator coletivo/vários professores intervêm na mesma classe e parecem compartilhar os mesmos alunos, não exercem uma responsabilidade comum/cd um “dispõe” em sua vez do grupo-classe segunda uma grade horária/não tem muito a negociar com os colegas, exceto nos casos grave/ ou no momento do conselho de classe/cd professor é responsável apenas pelas condutas e pelas aprendizagens que ocorreram durante “suas” horas de aula. Um professor de classe ou professor principal pode garantir uma harmonia através de conversas bilaterais com os demais. Essa organização de trabalho não favorece a partilha de responsabilidades.
Cada equipe pedagógica navega entre dois excessos:
-Excesso de “laisser-faire”, remete intercâmbios sem uma coordenação real das práticas pedagógicas, troca de idéias, e cada um conserva sua liberdade.
-Excesso de interferência nas práticas individuais, provoca conflitos, tenta coordenar tudo e fazer com que todos sejam coerentes com as opções comuns, passa a exercer um pressão que pode tornar-se insuportável.
-Autoridade do grupo sobre seus membros é um fenômeno ainda mais complexo quando a equipe reúne iguais, quando não tem chefe para encarnar o poder. Neste caso ficam divididos em duas lógicas:
1) identificar com o grupo e aderir às decisões comuns ou
2) seguir suas próprias preferências e deixar de lado a solidariedade
- Além da coordenação das práticas; não se trata apenas de conversar, de tomar decisões, de elaborar material comum, situações didáticas, instrumentos de avaliação, regras de vida e de funcionamento, trata-se de gerenciar coletivamente um grupo de alunos. Ninguém se sente pelo aluno dos outros professores, ninguém deseja que os outros intervenham na relação pedagógica que mantém com seus alunos.
- Uma verdadeira gestão coletiva impõe uma certa coordenação entre as práticas ; quando a equipe existe publicamente como um ator coletivo, os alunos e seus pais sentem-se no direito de exigir contas, que os membros entrem em acordo/quando estas injunções são dirigidas a professores que não faz parte de nenhuma equipe, eles podem alegar que estão respeitando suas incumbências/uma equipe pedagógica pode cair n armadilha de sua própria vontade de acabar com o “cada um por si”.
- As equipes não concerne somente de professores/seus diretores também devem se envolver/o trabalho em equipe modifica o conjunto e as relações de poder, em sentidos contraditórios, ou seja, de ganhar e a perder/aqueles querem que nada mudem tem muito a perder, os que querem revitalizar a escola tem muito a ganhar. Mas não é simples?
Para os administradores autênticos, especialmente ao nível de estabelecimento de ensino, as equipes pedagógicas são fontes de problemas, nem sempre são estimuladas pela autoridade escolar ou por outros professores porque:
O que tem a perder:
-Complicam a gestão pessoal, escolha mútuas dos professores;
-interferem nos processos burocráticos/atribuição de classes/elaboração de horários;
-Criam separações no corpo docente: os que trabalham em equipe e os individualista;
- colocam o estabelecimento em perigo quando adotam inovações audaciosas;
-constituem um “contrapoder”
-contestam regras comuns, ameaçam a ordem tradicional,
-podem criar uma ”escola na escola”

O que tem a ganhar: Ao contrário, as equipes pedagógicas são fontes de renovação e dinamismo porque:
-animam o debate do estabelecimento de ensino, introduzem novas idéias, contestam as tradições;
- os professores se sentem a vontade de romper com seu individualismo;
-permitem uma organização flexível das classes e dos ensinamentos;
-influenciam o clima geral com mais otimismo e menos passividade frente ao sistema;
-podem resolver conflitos;
-impelem a direção de avançar;
-facilitam a desconcentração ou descentralização dos poderes de gestão.

A capacidade de resolução de problemas dos estabelecimentos de ensino é um desafio. O trabalho em equipe pedagógica transforma-se em uma necessidade/é integrado em uma noção mais abrangente, a de cultura de cooperação, que não se resume à colaboração, mas envolve gestão participativa, autoridade negociada e a auto-avaliação dos estabelecimentos de ensino.
Nas últimas décadas o trabalho em equipe foi tratado com uma gestão de pessoas. Alguns sistemas educativos impediram ou complicaram o nascimento e a vida das equipes pedagógicas, enquanto outros com a melhor das intenções, instituíram equipes no papel, sem compreender que uma equipe eficaz depende de um contrato livremente negociado entre os membros. O que acontece hoje é um enfrentamento entre duas tendências:
1ª)Sentido da profissionalização do ofício de professor: práticas orientadas para objetivos gerais e uma ética, mais que para diretrizes/exige competência de alto nível/resolução de problemas/capacidade de cooperação (dividir forças,para que o todos seja mais forte que a soma das partes).
2ª)Proletarização da profissão de professor: presa a estratégias, didáticas e meio de ensino e avaliação pensado por especialista, pronto para uso.
Por que um professor se recusaria em trabalhar em equipe? Podem traduzir um individualismo/medo do confronto/ da partilha, pode mobilizar mecanismos de defesa pouco racionais/profissionais.
-Os professores que experimentam o trabalho em equipe sabem que a cooperação é uma luta: contra si mesmo, contra suas ambivalências.
- Os que abandonam dizem que não querem investir tanto para resultado tão aleatórios; otimismo frágil, que é facilmente “minado”; retorno de “cada um por si”; a capacidade de escuta não são virtudes pessoais, mas poderiam ser competências profissionais;
- Os professores mesmo atraídos pelo trabalho em equipe retiram-se tão facilmente diante de qualquer ameaça é porque não possuem os savoir-faire/sente ameaçados quando toca em suas zonas de incertezas;
-Aqueles que superam, descobrem que um grupo só se torna eficaz quando aprendem a funcionar juntos e mobilizam savoir-faire (animação, memória coletiva, momentos de regulação, mediação de conflitos em casos graves.
O que mais falta, nos estabelecimentos de ensino, quanto nos locais de formação, é uma prática contínua de explicitação de legitimação das dificuldades. É uma irresponsabilidade convidar os professores a trabalhar em equipe sem dizer ao mesmo tempo que será difícil, que existem métodos e aquisições e que não precisarão reinventar a roda.
-Ensinar é uma profissão difícil, não é estável, cada nova turma é uma incógnita, cada aluno com dificuldade é um enigma, cada ano letivo é uma aventura. O professor enfrenta a cada ano crianças e adolescentes que não gostam da escola.
-Para evitar dificuldades o professor tem necessidade de ser um pouco manipulador, de seduzir, de provocar riso, de ser cúmplice, de ser temido ou adorado, ou tudo ao mesmo tempo. Esses não ditos preservam a auto-imagem do professor. Quando os membros não são responsáveis por um grupo de aluno, a proteção acaba quando os professores deparam-se conjuntamente com os mesmos alunos. Ex. distribuir bombons para obter silêncio... Os truques denigre os outro/credibilidade é suspeita... O que funciona em uma relação singular deve ser reinventado em uma escala mais ampla.

Resumo do Livro: Avaliação Concepção Dialética (elaborado por Profª Ms. Mírian F. Rodrigues)

AVALIAÇÃO
Concepção Dialética-Libertadora do Processo de Avaliação Escolar
Vasconcelos, Celso dos Santos



A Avaliação é, na prática, um entulho contra o qual se esboroam muitos esforços para pôr um pouco de dignidade no processo escolar.
Vasconcelos não se assusta: analisa com rigor e abrangência, propõe firme e inovadoramente, aponta caminhos com tranqüilidade, e ainda assim, excitante dialeticidade.

INTRODUÇÃO - Apresenta alguns fatos que tornaram públicos em função da gravidade. É claro que no cotidiano escolar não é marcado por esse grau de violência física. Fala em violência simbólica, psicológica. O que os fatos tem em comum é o problema da avaliação.
A Avaliação tornou-se um dos principais problemas da educação escolar.
Fato nº 1 “Suicídio de aluno punido cria polêmica”
Fato nº 2 “Diretora diz que puxão rasgou orelha de aluno”
Fato nº3 “Vice – direto é acusado de bater em aluno “
Fato nº 4 “Chinês mata 4 e fere 2 na universidade Iowa, nos EUA”

Seria interessante analisar a ocorrência da reprovação em função da classe social: enquanto na rede privada o índice de reprovação na 1ª série do Ensino Fundamental é muito pequeno, na rede pública este índice é alarmante. Tal dado, não está ligado à questão da “qualidade” da escola privada, como quer nos fazer crer certa mídia, mas as estratégias a que recorre: seleção econômica para entrar (valor das mensalidades), exames de seleção (vestibulinhos), alunos de classe economicamente favorecidos, com fácil acesso a informações fora da escola (acesso a revistas, jornais, livros, televisão a cabo, computador, Internet,viagens, apoio dos pais, contratação de aulas particulares. Ou até a sutil sugestão da escola para transferência em caso de baixo rendimento, sem contar com expedientes como de “ dar um jeito” de aprovar o aluno para que o pai não perca o investimento.
Várias pesquisas etnográficas têm constatado: a postura do professor, muitas vezes, é bastante diferenciada numa escola e noutra em termos de estímulos e confiança no potencial do alunos.
O que quer mostrar é um mito criado sobre as escolas particulares, seria injusto e ingênuo fazer uma generalização. Há escolas particulares que são verdadeiros centros de excelência. Isto acaba contribuindo para a manutenção da distorção da avaliação da escola pública. As práticas conservadoras, de grande parte das particulares, são tomadas como modelo, “já que tem resultados tão positivos “.
O SAEB ( Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), tem ajudado a demonstrar este equívoco. A diferença de aproveitamento de ambas as redes, embora favorável a particular, é relativamente pequena, em patamares bem abaixo dos desejados.
Tanto a escola pública quanto a particular não tem conseguido cumprir a função de socialização do conhecimento, muitos pais percebem isto, mas se submetem aos encargos das mensalidades, tendo em vista os benefícios que as pessoas de posses poderá trazer para seus filhos. O verdadeiro sentido da reprovação se manifesta no fato de que, mesmo no interior da escola particular, o segmento social que é atingido por ela é justamente os menos desfavorecidos.
O problema da avaliação tem que ser encarado no contexto da educação escolar, que por sua vez precisa ser inserido no contexto social mais amplo. Não é o problema de uma matéria, nível, curso ou escola; é de todo um sistema educacional, inserido num sistema social determinado, que impõe certos valores desumanos como o utilitarismo, a competição, o individualismo, o consumismo, a alienação, a marginalização , valores estes que estão incorporados em práticas sociais, cujos resultados colhemos em sala de aula, funcionam como “filtros” de interpretação do sentido da educação e da avaliação.


1 – Lógica do Absurdo – Teses sobre a Avaliação pervertida ou sobre a perversão da avaliação
Do Caos ao Cosmos
Um dia o professor descobriu que podia mandar o aluno para fora da sala de aula, que a instituição cuidava de ameaçá-lo com a expulsão. Mais tarde, descobriu que tinha nas mãos uma arma muito mais poderosa: a nota. Começa a usa-la, para conseguir a ordem no caos. O Caos se fez cosmos, o maldito cosmos da nota...
A situação em que vivemos hoje sobre avaliação é tão crítica que gerou lógica do absurdo.

Tem sua lógica a escola..
1. valorizar muito a nota ... A escola precisa aumenta as exigências em relação às notas, para que os alunos a valorizem e estudem mais...
2. montar um clima de tensão em cima das provas, pois, a final a sociedade também é assim e a escola tem mais é que adaptar o aluno ao mundo que está aí... ( o que ninguém confessa é que logo mais a escola terá matérias do tipo: “Estudos avançados em Corrupção III”, “Seminários de Corrupção alheia”...
3. Ceder as pressões dos pais e de muitos professores, sempre foi assim...
4. Transferência do aluno para justificar a não mudança de suas práticas;
5. Professor supervalorizar a nota, caso contrário, não consegue dominar a sala;
6. 4º bimestre o aluno tira só a nota que precisa. “não quero deixar pontos para a secretaria;
7. O professor só valoriza a resposta certa, pois na sociedade é isto que importa;
8. O fato dos alunos terem “branco”, medo, nervosismo, ansiedade é tudo culpa deles e da família por não terem o hábito de estudar todos os dias...
9. o aluno dar muita ênfase à nota, pois sabe que, é ela que decide sua vida...
10. o aluno não estuda todo dia, sabe que o professor vai transmitir tudo tão diretinho...
11. o aluno estudar na véspera da prova, a prova é decorativa...
12. professor deseja “Boa Sorte” na prova, velado de vingança...
13. os alunos fazerem bagunça durante as aulas, para segurar o professor que quer despejar matéria...
14. muitas vezes a prova não exige reflexão, mas apenas nomes e classificações;
15. os professores fazem avaliação sem ouvir os alunos, afinal, é assim que eles também são avaliados;
16. o aluno adular o professor, de modo geral, os professores não tem maturidade para ouvir uma crítica;
17. As classes populares queriam escola e governo deu. Agora, são reprovadas, evadem “não tem condições de acompanhar o nível”. Estabeleceu-se uma “profecia autorealizante” do fracasso...
18. o aluno pouco falar e pouco escrever, segundo muito professores, quanto mais se escreve, mais se pode errar...
19. os pais prepararem os filhos na base do “questionário”, acaba caindo mesmo;
20. os pais engolirem sapo da escola e dos professores, sabem que, se reclamarem muito, os prejudicados serão os próprios filhos;
21. os filhos estarem preocupados em tirar nota para os pais, existe uma relação entre nota e qualidade do presente ou o tamanho da surra...
22. o professor avaliar os alunos apenas em determinados momento, é assim que está acostumado a avaliar o seu trabalho e o da escola;
23. distribuir nota no final do ano, assim não ficam com alunos para recuperação, nem chateação dos pais e alunos por causa de eventuais reprovações;
24. a escola tem desempenhado seu papel, recebe crianças curiosas, vivas, alegres em pouco tempo consegue deixa-las indiferentes, obedientes. Onde já se viu ter perguntas desagradáveis. Qual o sentido do que estou aprendendo? Para que serve isto? Qual a importância disto para meu futuro?
25. Seria melhor que voltasse a violência física na escola (palmatória,...) ao menos o aluno poderia se defender, já que a violência simbólica, psicológica é mais difícil de ser denunciada e enfrentada...
26. Antes de mudar o sistema de avaliação a escola precisa pensar bem, se de fato melhor vai causar desemprego, muita gente sobrevive do estrago que a nota faz nos alunos (professores particulares, empresas de aula de reforço, clínicas de recuperação, psicólogos, psicopedagogos, etc..
As afirmações são desconcertantes, mas tem sua lógica, expressam o grau de perversão que chegou a situação da avaliação escolar.
Nossa opção por uma educação libertadora, não nos permite acomodar, acusar, cruzar os braços. Temos que denunciar, anunciar e buscar alternativas, mesmo que limitada. É necessário colocar a avaliação em questão, para poder transformá-la.

II – Questão Metodológica

Na graduação até que tem dado uma concepção teórica adequada de avaliação: contínua, diagnóstica, abrangente, relacionada a objetivos. Falta a crítica à crítica a realidade concreta, faltam indicações de mediações (teoria de meio campo), falta clareza no que fazer no lugar da antiga forma de avaliar.
1- Possibilidade: enfrentar este questão, ficar atentos para não cair em duas posturas equivocadas:
Voluntarismo: achar que tudo é uma questão de boa vontade;
Determinismo: não dá pra fazer nada, o problema é estrutural e do sistema.
As duas posturas levam ao imobilismo.
A opção que o autor traz é um enfoque dialético (necessidade de análise, para saber das reais possibilidades).
2- Perspectiva de trabalho: inicialmente tentar despertar em todos o querer mudar, através de uma crítica ao problema. Para os que não querem os subsídios nada valem, serão atingidos por outro desequilíbrio: a pressão grupal ( colegas professores, pais...). A mudança não se dá de uma vez é um processo: sala de aula, escola, grupo de escolas, comunidade, sistema de ensino, sociedade civil, sistema político, etc. a partida criação de uma base crítica entre educadores, alunos, pais é uma luta da educação, mas articulada a outras frentes, setores...
3- Método de Trabalho: Compreender o problema para negá-lo dialeticamente, para transformá-lo. Buscar um procedimento metodológico que nos ajude. Metodologia de trabalho na perspectiva dialética-libertadora deve compreender: Partir da Prática, refletir sobre a prática, transformar a prática.
A reflexão sobre a prática deve ser feita em três dimensões: Onde estamos; Para onde queremos ir; O que fazer. Isto através de um movimento de síncrese: percepção do problema confusa, desarticulada e análise: captação do movimento do real, suas relações.
1ª Parte - III – Análise do Problema
A avaliação escolar é hoje um grande desafio, na medida em que existem diferentes compreensões do mesmo.
A questão apontada é de ordem técnica: como preparar um instrumento que possa medir adequadamente, como avaliar o componente curricular, como dimensionar o tempo, peso, notas, arredondamento...
Aponta-se ainda que o problema da avaliação está na estrutura: nº de alunos por sala, nº de aulas que o professor tem que assumir. Esses problemas são aparentes, mas não são de fundo, determinantes. O grande entrave da avaliação é o seu uso como instrumento de controle, de inculcação ideológica e de discriminação social.
Houve uma inversão na sua lógica, ou seja, a avaliação que deveria ser um acompanhamento do processo educacional, acabou tornando-se o objetivo deste processo, na prática dos alunos e da escola “estudar para passar”.
a) Percepção inicial do professor: O professor, não tem consciência de que é mais um agente desse jogo de discriminação e dominação social.
b) Resgate histórico: A reprovação na escola não é uma coisa nova, tem-se notícias de exames há 2.205 a.C. Imperador chinês a cada três anos examinava seus oficiais a fim de promover ou demitir. A escola existia antes do capitalismo, mas seu papel muda. A partir daí, em função da formação de mão de obra para a indústria. A escola padece de uma ambigüidade: de uma lado, é necessário para dar certos rudimentos da cultura, e principalmente como fator disciplinador, preparando a docilidade do futuro trabalhador; e de outro, fornecer elementos da cultura – formar pessoas mais conscientes e questionadoras.
c) O Papel Político da Avaliação
Como é possível tão poucos dominarem tantos? Podemos aí encontrar reflexos na avaliação escolar . A classe dominante, para manutenção do status, precisa contar com um certo consenso junto às classes dominadas. Para isso lança mão da inculcação ideológica. Esse processo visa que cada um se conforme com seu lugar na sociedade, pelo “reconhecimento” de sua desvalia, de sua incompetência. A avaliação escolar colabora com este processo de dominação, ajudando a formar um autoconceito negativo.
O problema central da avaliação, é o seu uso como instrumento de discriminação e seleção social. No âmbito da escola, atem a tarefa de separar os “aptos” dos “inaptos”, “capazes” dos “incapazes”, tem a função de legitimar o sistema dominante.
A avaliação é hoje instrumento de controle, oficial, o “selo” do sistema, o respaldo legal para a reprovação/aprovação, para o certificado, para o diploma, para a matrícula.
Nota se tornou mais importante que aprendizagem
Avaliação como instrumento de discriminação social e seleção natural
Caráter passional de vingança, de “acerto de contas”

3 Mediação entre o problema Geral e o Particular
a) Como se concretiza em sala de aula?
Como ocorre a mediação desse problema numa realidade específica, como se concretiza essa determinação geral em cada caso particular, em cada escola, em cada sala de aula?
Trata-se de uma análise difícil de ser feita, envolve diretamente os agentes da educação: pais, alunos das séries mais adiantadas, diretores, coordenadores, supervisores...., em especial os professores.
Temos que ter clareza deste fato, sob pena de ficarmos nos enganando e fazendo o jogo do “empurra-empurra”, ninguém é responsável por nada, o que um (não) faz é decorrência do que o outro (não) faz.
O problema se manifesta na prática escola, no começo é tudo novidade e não passa de uma brincadeira. Muitas vezes, as crianças fazem as provas e nem tem noção, não sabem que estão sendo avaliados. Com o tempo os pais apreensivos passam a questionar a escola a respeito das datas das provas, para evitar faltas nestes dias. Tudo começa inocentemente, que mais tarde os professores, não conseguem entender o que foi que houve, dessa pequena brincadeira, chega-se à grande distorção do ensino: estudar para tirar nota e não para aprender!
Contradições sociais: Mudança do quadro de valores na sociedade “autoridade natural” do (pai, padre, patrão, político e também do professor);
- Diminuição da motivação pelo estudo: ascensão social;
- Inadequação curricular;
- Não a alteração da metodologia de trabalho em sala de aula;
- Situação do professor: má formação, baixa remuneração, carga excessiva de trabalho.
- Situação da escola: superlotação, falta de instalação e equipamentos, falta de projeto educativo, falta de espaço de reuniões pedagógicas,etc...
Não coloca o professor como vilão, ou vítima, coloca o professor, como qualquer agente social, que está perpassando por contradições. O que se coloca é como vai dar conta desta contradição.
O problema mais crucial está no lado do professor, inabilitado formal e politicamente para exercer sua função, não por culpa, mas por ser vítima de um processo adestrador defasado e apenas reprodutivo. Queremos ver em que medida os professores estão envolvidos neste esquema, para que possam lutar pela sua superação.
Um sério problema que afeta os educadores em geral é a distância entre teoria e prática, ou, mais do que a distância, a não percepção ou a não tematização desta distância, o que os deixa sem instrumento de intervenção da realidade (ingenuidade).
O mundo não esta parado, esperando que o indivíduo decida para onde quer ir; o mundo tem uma dinâmica própria, dada pelo conjunto das relações sociais, diante dela, o sujeito deve se posicionar e lutar, e muito se quer algo diferente, e participar de uma perspectiva de transformação. O professor não faz o que deseja, não faz só aquilo que seu horizonte imediato de consciência lhe diz. Ele participa de um processo de alienação imposta a todo cidadão, uma vez que não domina nem o processo nem o produto do próprio trabalho.
O professor pelo fato de não ter a intenção de distorcer a avaliação, acha que está isento do perigo, pela sua prática estar colaborando para isto.
Diante deste fato, tomando consciência, podemos nos posicionar: deixar as coisas como estão (afinal sempre foi assim, não vai adiantar mesmo, uma andorinha não faz verão) ou querer construir algo novo.
O professor participa da distorção da avaliação:
- dando destaque a ela, usando-a como instrumento de pressão, de controle do comportamento dos alunos;
- num nível mais profundo: usando a avaliação – a reprovação – como instrumento de discriminação social: para “selecionar” os alunos que tem “capacidade”. A primeira forma de distorção só tem força em função da segunda, se não houvesse reprovação, o professor não teria como pressionar o aluno com a nota.
Algumas razões para o professor chegar a isso:
a) Por necessidade – proposta de trabalho não apropriada para os alunos.
Necessidade de controle
Redescoberta da nota como instrumento de coersão (usar a avaliação para garantir a autoridade.
Alunos condicionados (os próprios alunos, diante da indisciplina dos colegas, mandam: “Tira ponto”, professor!).
b) Por ingenuidade: acabam mantendo o mesmo esquema de ênfase à avaliação, fazendo o que a escola pede.
c) Por convicção: por achar que a vida é cheia de momentos de tensão e que a escola tem que propiciar estes momentos para preparar para a vida. O argumento mais forte é preparar para o vestibular.
d) Por comodidade: O professor pode distorcer a avaliação por não querer “sarna para se coçar” não vamos inventar moda; ao se querer mudar, haverá necessidade de mexer em muita coisa, o que vai dar muito trabalho e eu não ganho para isso.
e) Por pressão: Neste caso, já se iniciou um a tomada de consciência por parte do professor, mas está sendo cobrado pela instituição, pelos colegas a fazer a avaliação de cunho tradicional.
Por tudo isso, a aula passa a girar não em torno da preocupação com a formação e construção do conhecimento do aluno, mas em torno da preocupação com a avaliação. “Olhem prestem atenção, isto vai na prova.
Uma escola que precisa recorrer à pressão da nota logo nas séries iniciais, é uma triste escola e n ao está educando; é uma escola fracassada...
Insistimos na ênfase ao papel do professor, que não vem do fato de considerá-lo o grande responsável, mas da perspectiva que possa haver o crescimento do grau de consciência e o assumir do seu papel de agente histórico de transformação.
A avaliação, desempenha, na prática, um papel mais político que pedagógico, ou seja, não é usada como recurso metodológico de reorientação do processo de ensino-aprendizagem, mas sim como instrumento de poder, de controle, tanto por parte do sistema social, como pela escola, pelo professor, quanto pelos próprios pais.

2ª Parte – IV. Finalidade da Avaliação
A grande questão que se coloca, depois da análise do problema, é:
AVALIAR PARA QUÊ?
Se está tão comprometida com o sistema, no sentido da marginalização e inculcação ideológica, não seria melhor eliminá-la da escola? Seria isso possível e desejável? A questão básica é a avaliação tal ou o tipo de avaliação que se vem fazendo?
1. Sentido da avaliação
Distinguir avaliação e nota. Avaliação é um processo abrangente da existência humana, que implica uma reflexão crítica sobre a prática, no sentido de captar seus avanços, suas resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superar os obstáculos. A nota é uma exigência formal do sistema educacional, seja forma de número 0 a 10, conceito A,B,C,..; ou menção, excelente, bom, satisfatório, insatisfatório. Certamente haverá necessidade de continuar existindo para acompanhar o desenvolvimento dos educandos.
A prova, é apenas uma forma de gerar a nota, que por sua vez, é apenas uma das formas de avaliar. Assim, podemos atribuir nota sem ser por prova, bem como avaliar sem ser por nota (este dia parece não ter chegado plenamente ainda...).
O educador não pode se deixar levar pela “lógica do detetive” – procurando o culpado – fiscal, deve ter o espírito de pedagogo que acompanha o crescimento do educando.
Da maneira que a nota é trabalhada na escola, se percebe a presença de uma pedagogia comportamentalista, baseada no esforço-recompensa, no prêmio-castigo.
Tanto o primeiro quanto o segundo são deseducativos. O primeiro gera satisfação e dependência ( se não tiver uma recompensa o sujeito não age..._), o segundo geral revolta e também dependência ( se não tiver alguma ameaça o sujeito não age), alienando a elação pedagógica, tanto o aluno como o professor passam a ficar mais preocupados com a nota que com a aprendizagem.
“avaliar para que”?, podemos encontrar uma gama enorme de respostas (atribuir nota, registrar, cumprir lei,...).
A avaliação Escolar é, antes de tudo, uma questão política, está relacionada ao poder, aos objetivos, às finalidades. Numa sociedade de classes n ao espaço para neutralidade: posicionar como neutro é estar a favor da classe dominante.
Um posicionamento fundamental quanto a avaliação é relativamente aos objetivos da educação escolar, pois é deles que derivarão os critérios de análise e aproveitamento. A avaliação escolar está relacionada a concepção de homem, de sociedade (que tipo de homem e de sociedade queremos formar) ao Projeto Pedagógico da instituição. É justamente aqui que encontramos uma distorção; não se percebe a discrepância entre a proposta de educação e a prática efetiva. Isso ocorre em função de uma prática de planejamento meramente fora. Temos que superar esta contradição através da reflexão crítica e coletiva sobre a prática.
O sentido dado pelo professor à avaliação está intimamente relacionado à sua concepção de educação:
CONCEPÇÃO TAREFA
TRANSMISSOR Transmitir e fiscalizar a absorção do transmitido
Avaliação = Controle/Coersão
EDUCADOR Ensinar e fazer tudo para que aluno aprenda
Avaliação = Acompanhamento/Ajuda

Esta pedagogia tem como meta a construção da autonomia e da solidariedade, e a avaliação passa a ser uma referência para o próprio aluno, no sentido de superação das dificuldades que venha encontrar.
O papel que se espera da escola é que possa colaborar na formação de cidadão, pela mediação do conhecimento científico, estético e filosófico.
O conhecimento não tem sentido em si mesmo: deve ajudar a compreender o mundo, e a nele intervir. Assim a principal finalidade da avaliação no processo escolar é ajudar a garantir a formação integral do sujeito pela mediação da efetiva construção do conhecimento, a aprendizagem por parte de todos os alunos. Sendo assim o sentido maior da avaliação é: Avaliar para que os alunos aprendam mais e melhor.
Esta nova concepção de avaliação vai exigir uma mudança de postura por parte do professor. Investir suas energias e potencialidades não no controle do transmitido, e sim na aprendizagem dos alunos. Para este deslocamento, há necessidade de recapacitação no que diz respeito ao processo de conhecimento do educando.
Como se dá a construção do conhecimento? ____ Como deve o professor ensinar?
O professor não fica na posição de esperar o Educando “amadurecer” mas pode ajudá-lo pela interação, como afirma Vygotsky, a boa aprendizagem se antecipa ao desenvolvimento.
O professor passa fazer a seguinte pergunta: Por que meu aluno não está aprendendo? O que posso fazer?
O maior objetivo do professor não deve ser não deve ser o de saber quanto o aluno sabe, mas sim o de garantir a aprendizagem de todos.
É difícil de mudar a avaliação porque exige, antes de mais nada, uma mudança de postura do educador. Queremos resgatar a dialeticidade entre o geral e o particular.
A avaliação tem problemas “técnicos”. Mas estes problemas só podem ser enfrentados depois de uma tomada de consciência do problema político, e de uma opção por uma outra prática em termos de avaliação. Caso contrário haverá apenas ajustes na velha estrutura. Com as mesmas condições “macro”, tem havido mudanças muito positivas no “micro”, na medida em que seus agentes assumem posturas diferentes na prática do trabalho escolar.

3ª Parte – Em busca de algumas alternativas

- Mudança na prática: o que precisamos hoje não é tanto uma nova relação de idéias sobre a realidade, mas um nova relação com as idéias e com a realidade. As idéias assumidas com o coletivo organizado, torna-se força material.
- Qual o professor que não sabe que a avaliação é um processo contínuo que visa um diagnóstico...
A conscientização é um longo processo de ação-reflexão-ação. As idéias se enraízam a partir da tentativa de colocá-las em prática.
O professor que quer superar o problema da avaliação precisa, a partir de uma autocrítica:
- Abrir mão do uso autoritário da avaliação que o sistema lhe faculta, lhe autoriza;
-Rever a metodologia do trabalho em sala de aula;
-Redimensionar o uso da avaliação em relação a forma e ao conteúdo;
-Alterar a postura diante dos resultados da avaliação;
-Criar uma nova mentalidade junto aos alunos, aos colegas educadores e aos pais.


1ª linha de ação: Alterar a Metodologia de Trabalho em sala de aula
(conteúdo significativo, metodologia participativa). A criatividade é fundamental na formação do educando e do cidadão, mas ela precisa de uma base material: ensino significativo, oportunidade e condições para participação e expressão das idéias e alternativas, compreensão crítica para com o erro, pesquisa, diálogo.
Avaliação é um meio de acompanhamento do processo, acabou se transformando em fim do processo.
Os alunos desde cedo, precisam ser orientados para dar sentido ao estudo. Este sentido encontra-se na tríplice articulação entre: Compreender o mundo que vivemos, usufruir do patrimônio acumulado pela humanidade e transformar este mundo, colocando o conhecimento da construção de um mundo melhor, mais justo e solidário.
Agir para conhecer: só adquire conhecimento quando, num processo ativo, reconstrói o objeto de conhecimento (problematização, debate, pesquisa, experimentação, diálogo...)
Direito a dúvida: as dúvidas revelam ao professor o percurso que o aluno está fazendo na construção do conhecimento. O professor deverá incentivar e garantir a prática de perguntar durante a aula, combatendo os preconceitos, gozações, estabelecendo um clima de respeito.


2ª linha de ação: Diminuir a ênfase na Avaliação Classificatório
Avaliação como processo. Avaliar o produto no processo. O fazer-se a avaliação não no cotidiano de sala de aula, mas em momentos especiais causou problemas para a educação escolar, chegou a uma desvinculação da avaliação com o processo educacional. A avaliação se dá no processo de ensino –aprendizagem e se dá em três momentos: Síncrese, Análise e Síntese.
Os problemas que o autor aponta para o dia da “prova” com horário especial, rituais especiais, etc... (ruptura com o processo de ensino e aprendizagem, ênfase a nota, como está desvinculada do processo ensino-aprendizagem acaba servindo para a classificação).
Não se trata de abolir a avaliação, o que se propõe é que os elementos para avaliação sejam tirados do próprio processo, do cotidiano, da própria caminhada de construção e produção do conhecimento do aluno e que não se tenha um momento “sacramentado” e “destacado” como é o uso corrente na “prova”.
Na Educação Infantil a avaliação se pauta pela observação e registro. A grande finalidade do registro não é justificar-se aos pais, mas para ter elementos para melhor ajudar a criança em suas necessidades.
1ª série do Ensino Fundamental: é nas séries iniciais que começa a se manifestar o problema devemos eliminá-lo pela raiz, eliminar qualquer prática que deforme o sentido da avaliação. Não ter “prova”!
2º Nível: séries mais adiantadas: Paulatina diminuição da ênfase na Avaliação Classificatória! Isso pode ser feito com algumas práticas concretas: não fazer “semana de prova”, avaliar o aluno em diferentes oportunidades, diferenciar as formas de avaliação, opção de escolha, deixar claro os critérios de avaliação, não pedir assinatura dos pais nas avaliações uma vez que devem acompanhar todo o trabalho dos filhos e não apenas as avaliações, não vincular reuniões de pais à entrega de notas, este é um momento de interação entre a escola e os pais, que as notas sejam entregues antes aos alunos.



3ª linha de ação: Redimensionar o Conteúdo da Avaliação

Não fazer avaliação de cunho decorativo!
A avaliação deve ser reflexiva, relacional, compreensiva. O professor deveria ver ali o reflexo daquilo que é essencial em sua área de conhecimento, aquilo que é realmente significativo que o aluno tenha aprendido. Fazer uma auto-análise se é isto que espero dos meus alunos? É isto que considero importante?
O autor destaca a necessidade de espaço para avaliação dissertativa, para dar oportunidade de expressão mais sintética do conhecimento construído pelo aluno.
Já a contextualização das questões é fundamental: questões a partir de texto, perguntas relacionadas à aplicação prática, problemas com significado, acompanhados por desenhos, gráficos, esquemas, etc... Na avaliação de um texto, pode-se levar em conta o conteúdo, a argumentação, a organização da idéias, a estética, etc...
Não se trata de dar exercícios iguais aos desenvolvidos em sala na avaliação, mas no mesmo nível de complexidade.
Há necessidade de romper com essa deformação pedagógica chamada “questionário”.
Avaliação sócio-afetiva (atitudes, valores, interesse, esforço, participação, comportamento, relacionamento, criatividade, iniciativa, etc., mas sem vinculá-la à nota.
Questões da indisciplina devem ser tratadas como problemas de disciplina, não tentando sufocar ameaçando com nota. Os alunos precisam de uma ação educativa apropriada: aproximação, diálogo, investigação das causas, estabelecimento de contrato, etc...
Auto-avaliação: deve ser feita sem vínculo com a nota de forma que possa constituir num instrumento de formação do educando.
Nota de participação: dar nota por ele ser bonzinho, caprichoso pode representar paternalismo, deverá ser trabalhada em cima de critérios bem objetivos (entrega de exercícios, tarefas...).
Trabalhinho: o professor deveria reconhecer que a avaliação não foi bem elaborada, ou os alunos precisam passar por um processo de recuperação.
Trabalho em grupo:uma alternativa é o professor dar o total de pontos para que o grupo distribua a cada membro de acordo com critérios estabelecidos. (“quem não trabalha, não come”).


4ªlinha de ação: Alterar a postura diante dos resultados de avaliação
O que se espera de uma avaliação numa perspectiva transformadora é que os seus resultados constituam parte de um diagnóstico e que, a partir dessa análise da realidade, sejam tomadas decisões sobre o que fazer para superar os problemas constatados: perceber a necessidade do aluno e intervir na realidade para ajudar a superá-la. (pág. 89).
a) Importância do erro: é preciso superar a visão tradicional do erro, e não deixar o aluno lá... Numa perspectiva transformadora, o erro deve ser trabalhado como uma oportunidade de interação entre educando e professo, entre os próprios educandos, de modo a superar as hipóteses em direção a outras mais complexas e abrangentes.
b) Profecias auto-realizantes: os professores devem observar, analisar a expressão da avaliação de seus alunos, evitar juízos superficiais, rotulados.
c) Conselho de classe: alternativas para superação de problemas pedagógicos, devem ser feito durante o ano, contar com todos os membros da comunidade escolar, devem apontar as necessidades de mudanças em todos os aspectos da escola e não apenas os relativos aos aluno, decisões sobre providências devem ser tomadas, registradas e avaliadas no conselho seguinte, de modo a se fazer uma história e não ser um simples momento.
d) Recuperação: padecem de ambuigüdade, recuperação da nota e não da aprendizagem; a recuperação da aprendizagem e não da nota; nem uma coisa nem outra.
e) Questão da Reprovação: Certamente chegará um dia que não haverá m ais reprovação. A avaliação tipo prova individual não dá conta de avaliar o que está em desenvolvimento, em processo.
Fatores sócio-afetivos deve ser considerada a fim de que o aluno não venha a perder o ano em decorrência de um problema dessa esfera, que tenha afetado seu rendimento.
Temos que democratizar o processo de decisão sobre aprovação ou reprovação do aluno, deve ser feita com a participação dos professores, equipes de escola, representantes de pais, alunos, entidades de classe...

5ª linha da ação: Trabalhar na conscientização da Comunidade Educativa

a) Construção de critérios comuns
b) Aproveitamento coletivo: incentivar entre os educandos o caráter comunitário da aprendizagem;
c) Trabalho com a família: conscientização dos pais
d) Questões das transferências: as escolas devem ter autonomia no seus projetos pedagógicos, com a participação da comunidade escolar. No caso de transferência, as famílias devem ser orientadas para superar eventuais diferenças de organização pedagógica entre uma escola e outra.
e) Não se trata de “afrouxar”. A Educação Libertadora pede um ensino extremamente exigente, inteligente, baseada em princípios científicos. Temos que superar as “pseudo-exigências” que dão aparência de um ensino sério. O que tem que ser exigente são as aulas e não separadamente, as normas de avaliações.
f) Avaliar não só o aluno, esta é uma das graves distorções da avaliação escolar é sua aplicação restrita ao aluno; parece que todo o resto – professor, livro didático, currículo, direção, família, sociedade, etc. está acima de qualquer suspeita. Há necessidade de uma Política Educacional séria, ampla e comprometida com os interesses das classes populares, que leve à alteração das condições objetivas de trabalho.
g) Democratização da sociedade, de tal forma que não precise usar a escola como uma instância de seleção social. Os educadores devem comprometer com o processo de transformação da realidade, alimentando um novo projeto comum de escola e sociedade. Fica aqui essas provocações para a reflexão crítica e coletiva sobre a prática da avaliação.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Construção da Cidadania e Educação Matemática

O presente estudo investiga, em uma escola da Rede Estadual, particularmente em uma turma do 3º ano do Ensino Médio, do período diurno, as possibilidades de desenvolver uma Educação Matemática que contemple, de forma integrada, a construção de conhecimentos matemáticos e a formação para a Cidadania, embasadas na metodologia de elaboração de projetos, adotada pela escola e pelo professor. Nesse sentido, experiências com projetos, desenvolvidas na escola, na disciplina Matemática, são analisadas, avaliando-se o impacto de tais experiências sobre os alunos, conforme já mencionado, de uma 3ª série do ensino Médio, na qual tanto o professor, quanto os alunos discutem e avaliam os resultados. O referencial teórico contempla estudos sobre a Educação Matemática e a Cidadania realizados por Lopes, D’Ambrósio, Skovsmose e, ainda, analisa propostas contidas em alguns documentos oficiais com os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, (PCNEM) e (PCN+) e “Orientações Curriculares para o Ensino Médio”. Adota-se uma metodologia qualitativa aplicada a um estudo de caso, elegendo como instrumentos de pesquisa a observação, a análise documental, entrevistas não estruturadas, diálogo com os alunos e relatos por eles elaborados.

Fonte